sábado, 16 de setembro de 2017

A ajuda quacre para os judeus da Alemanha e Áustria

Por Jennifer Taylor

Em 1939 havia entre sessenta e setenta mil refugiados da Alemanha e da Áustria que haviam procurado refúgio na Grã-Bretanha. Esses refugiados eram predominantemente, embora não exclusivamente, judeus. Entre eles haviam os que chegaram no início dos anos trinta, logo depois que Hitler se tornou chanceler da Alemanha em janeiro de 1933; outros tinham sido mais otimistas. Eles pensavam que Hitler ficaria pouco tempo no poder, um sentimento compartilhado por alguns políticos. Muitos judeus imaginavam que, como seus pais haviam lutado pela Alemanha na Primeira Guerra Mundial, eles estariam seguros, especialmente se eles próprios ou um membro da família tivessem sido decorados por esse serviço militar. Tal otimismo foi dissolvido por dois eventos em 1938; o Anschluss da Áustria, em 11 de março, e a Noite dos Cristais em 9 de novembro. Esses eventos aumentaram o fluxo de refugiados para a Grã-Bretanha.

O contributo da Sociedade Religiosa dos Amigos para salvar os judeus da Europa ainda não foi totalmente reconhecido. Há vários motivos pelos quais os quacres ainda não receberam o reconhecimento que merecem, apesar do Prêmio Nobel da Paz, laureado em 1947, ao Conselho do Serviço dos Amigos (Londres e Dublin) e ao Comitê do Serviço dos Amigos Americanos.

Petição abolicionista de 1688 em Barbados

Em 18 de abril de 1688, o primeiro protesto escrito contra a escravidão no Novo Mundo foi redigido na casa de Thönes Kunders, em Germantown, que hospedou as primeiras reuniões da Sociedade Religiosa dos Amigos em Barbados. 

Os signatários da proposta ficaram perturbados com um fato alarmante: muitos dos quacres da Filadélfia tinham escravos. No momento do protesto, seis anos após a fundação da Filadélfia, cerca da metade dos quacres britânicos, incluindo o fundador da Pensilvânia, William Penn, possuíam escravos. 

Embora os quacres tenham chegado ao Novo Mundo para escapar da perseguição religiosa vivida na Inglaterra, muitos deles não viram nenhuma contradição na posse de escravos, desde de que não cometessem maus tratados. 

Os colonos de Germantown, no entanto, vieram de um país não acostumado à escravidão e os quacres alemães se recusaram a participar do tráfico de escravos. Germantown produziu os melhores produtos de linho da época e não utilizava trabalho escravo no processo.

Quacres ortodoxos e conservadores

Os quacres ortodoxos tornaram-se mais evangélicos durante o século 19, sendo influenciados pelo Segundo Grande Despertar. Este movimento foi liderado pelo quacre britânico Joseph John Gurney. Os quacres realizaram reuniões de renome na América e se envolveram no movimento de Igrejas da Santidade. Quacres como Hannah Whitall Smith e Robert Pearsall Smith tornaram-se oradores no movimento religioso e introduziram frases e práticas quacres. Os quacres britânicos se envolveram com o movimento da "Vida Superior", tendo Robert Wilson da reunião de Cockermouth, fundado a Convenção de Keswick.

Desde a década de 1870, tornou-se comum na Grã-Bretanha ter reuniões de missão numa noite de domingo com hinos cristãos e um sermão baseado na Bíblia ao lado das reuniões silenciosas para adoração no domingo de manhã. As reuniões anuais quacres que apoiam as crenças religiosas de Joseph John Gurney eram conhecidas como Gurneyite Yearly Meeting. Muitas dessas reuniões, eventualmente, se tornaram Five Years Meeting e, em seguida, Friends United Meeting.

A incrível história de Mary Fisher

Mary Fisher era uma criada de Selby, Yorkshire, quando conheceu George Fox. Assim como um dos primeiros quacres, ela viajou pela Inglaterra e para a América do Norte pregando a Palavra do Senhor. Mas sua incrível história de vida é lembrada por sua extraordinária missão junto ao sultão Mehmed IV, o imperador otomano.

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Foto: Reprodução/ Mary Fischer
Em 1657, Mary partiu para a Turquia com outros seis homens e mulheres quacres. Seu objetivo era ter uma audiência com o jovem sultão Mehmed IV do Império Otomano. Ao chegarem em Esmirna, o conselheiro inglês aconselhou-os a não seguir em frente e, quando ele não pôde dissuadi-los, colocou-os em um barco para Veneza, em vez de seguir direção à Turquia. Entretanto Mary Fisher não desistiu. Ela persuadiu o capitão a colocá-la em terra na costa grega. De lá ela partiu sozinha e a pé, e viajou pela Macedônia e sobre as montanhas da Trácia até Andrianople, onde o sultão acampou com um grande grupo de correligionários.

Eventualmente, ela encontrou alguém que estava disposto a aproximá-la do Grande Vizier. O sultão Mehmed foi informado de que havia uma inglesa que tinha "algo a declarar sobre Deus" e foi concedida uma entrevista.

FWCC: Quakers around the world map 2017

Mapa dos quacres no mundo em 2017

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

A Sociedade Feminina Anti-Escravidão da Filadélfia

Lucretia Mott foi uma quacre americana, abolicionista e ativista pelos direitos das mulheres. É considerada uma das primeiras mulheres a desempenhar o ativismo. Era prima de Benjamin Franklin. Como quacre, considerava a escravidão uma forma vil e podre da sociedade. Ela, juntamente com uma mulher negra, fundaram a Philadelphia Female Anti-Slavery Society. Os historiadores frequentemente citam a PFASS como uma das poucas sociedades anti-escravidão racialmente integradas antes da guerra civil, rara até mesmo entre as sociedades femininas anti-escravidão.

A abolicionista mais conhecida que participava dessa organização era, como citada, Lucretia Mott. Angelina Grimké, uma destacada abolicionista feminina, também se juntou à organização. As mulheres eram na sua maioria quacres. O historiador Jean R. Soderlund diz que treze das dezessete fundadoras eram quacres conservadoras[1].

As mulheres negras libertas ajudaram a organizar a sociedade também. Entre as mais proeminentes incluíram Grace Bustill Douglass e Sarah Mapps Douglass, Hetty Reckless e Charlotte Forten (esposa do notável abolicionista James Forten) e suas filhas, Harriet, Sarah e Margaretta. Essas mulheres representavam a elite afro-americana da cidade.